Bokeh, Geoffrey Orthwein e Andrew Sullivan | Opinião Filmes

Bokeh
Poster do filme Bokeh.
Título original: Bokeh
Realizador(es): Geoffrey Orthein e Andrew Sullivan
País: EUA e Islândia
Ano: 2017
Género: Drama, ficção científica
Elenco: Maika Monroe, Mark O'Leary, Arnar Jónsson, Gunnar Helgason
IMDb: http://www.imdb.com/title/tt3722062/


Sinopse: Um casal americano faz uma viagem romântica para a Islândia e descobre que todas as pessoas do mundo desapareceram. Eles precisam sobreviver e tentar conciliar o evento misterioso com as suas própias percepções do mundo e de si mesmos.


Opinião:

O que farias se de repente acordasses e descobrisses estar sozinho no mundo? Foi o que aconteceu em Bokeh a Jenai (Maika Monroe) e Riley (Matthew O’Leary), um casal norte-americano de férias na Islândia, que de repente vê o seu mundo completamente alterado (ou o desaparecimento dele).


Imagem do filme Bokeh
Jenai e Riley acordam numa manhã e descobrem estar sozinhos no mundo.


Jenai e Riley estão, de um momento para o outro, sozinhos no mundo. Este filme aborda o modo como ambos vão tentar entender e aceitar as suas novas circunstâncias de vida. O principal enredo deste filme, que o seu próprio poster brilhantemente nos mostra, são os pontos de vista opostos destas duas personagens (através da cor). Enquanto Jenai não consegue compreender e portanto aceitar esta situação, vendo tudo de um ponto de vista cinzento, Riley parece estar de algum modo feliz com o acontecimento, vendo a situação sob um ponto de vista colorido. Concluindo, Jenai e Riley representam dois pontos de vista opostos sobre o mesmo acontecimento e passam consequentemente por vários estados emocionais ao longo do filme.

A Islândia (Iceland), uma ilha insular e pouco habitada do continente europeu, é uma incógnita para muita gente e de certo modo até percebo a escolha deste local ao mesmo tempo lindíssimo e isolado para a filmagem de um filme com esta temática. Quem vive numa ilha consigue entender como nos podemos sentir presos e claustrofóbicos quando queremos fugir até mesmo do paraíso.

Imagem do filme Bokeh
Jenai não consegue entender o otimismo de Riley perante a situação.


De início o casal até parece conseguir algum equilíbrio com Riley a conseguir manter a namorada de algum modo distraída das saudades da família e da sua terra com idas aos centros comerciais e supermercados, “comprando” comida, roupas, carros, uma casa e tudo o que quiserem. Mas com o tempo a angústia de Jenai aumenta e a jovem começa a ter alterações de humor cada vez mais inconstantes. Ela questiona o porquê de terem ficado para trás, se não estão a ser vítimas de algum tipo de castigo divino. Jenai ainda procura por outras pessoas que, segundo ela podem estar a necessitar de ajuda. Neste ponto ela ainda tem esperanças de que eles não estão sozinhos e que talvez possam voltar para casa. É aqui que percebemos que é a fé de Jenai que a mantem viva. Pelo contrário, Riley vê nos acontecimentos uma oportunidade para viver a vida como quiser, aproveitando todos os recursos que um país como a Islândia tem para lhes oferecer.



Quando olho à volta, vejo um país lindo. Vejo terra, fontes, casas. Depois, há tu e eu. Temos tudo o que precisamos. E tudo o resto podemos construir. Só tu e eu juntos.

(Riley)

Como é óbvio este filme é escasso em personagens, tendo Maika e Matthew que conduzir todos os acontecimentos de Bokeh à custa das emoções que conseguem transmitir dos seus personagens, das suas perceções, das suas ambiguidades, dos seus modos de ser e do seu passado, mais vincado em Jenai que parece ter deixado uma família para trás ao contrário de Riley. Aliás o passado dos personagens permanece uma incógnita durante todo o filme, à expeção de algumas menções ao pai de Jenai que deixam antever uma relação conflituosa entre pai e filha, o que faz com que seja difícil compreender as suas diferentes motivações perante a vida.


Imagem do filme Bokeh
Riley e Jenai são um casal de norte-americanos forçados a uma existência solitária na Islândia.


Enfim, Bokeh é aquele tipo de filme cuja premissa promete imenso, mas cuja concretização deixou a desejar, além de inúmeras pontas soltas. É um filme que certamente não ficará na memória dos espectadores.

Fica a vontade de visitar ao vivo e a cores as magníficas paisagens da Islândia, mas de preferência com islandeses por lá!


Imagem do filme Bokeh
Jenai sente-se perdida numa terra que não é a sua.


O melhor: A fotografia lindíssima conseguida muito à custa das paisagens deslumbrantes da Islândia.

O pior: Apesar dos atores competentes e da fotografia cinco estrelas, o roteiro é extremamente fraco e sem qualquer história concreta.

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