Livro vs Filme: Lua de Sangue, Nora Roberts

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Trago hoje uma nova rubrica Livro vs Filme na qual comparo mais um livro da Nora Roberts com a sua adaptação cinematográfica. Neste caso vou comparar o meu livro favorito da autora que é o espetacular Lua de Sangue, o vencedor do meu TOP 7 - Romances de Nora Roberts, com o filme a que deu origem, Carolina Moon, também ele produzido para televisão pela produtora Lifetime e tendo como consultora a própria autora.


O livro:

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Sinopse:
Tory Bodeen viveu a sua infância na Carolina do Sul, numa pequena casa degradada, onde o pai imperava com um punho de ferro e um cinto de cabedal. Em compensação, porém, havia a pequena Hope, que vivia ali perto, e cuja amizade tornava possível que Tory fosse aquilo que lhe não permitiam ser em sua casa: uma criança. Depois do brutal assassínio de Hope, que a polícia jamais esclareceu, a vida de Tory começou aos poucos a desfazer-se. Mas agora prepara-se para regressar à sua terra natal. À medida que forja novos laços de afecto com Cade Lavelle, o irmão mais velho de Hope, não consegue no entanto ter a certeza de que a tragédia que ambos experimentaram contribua de facto para os aproximar. Viver assim tão colada à memória de uma infelicidade que tanto a marcou virá a revelar-se mais difícil e mais assustador do que Tory alguma vez imaginara. Até porque o assassino de Hope anda também por perto.



Análise e pequeno resumo:


Tínhamos oito anos, naquele Verão. Naquele Verão distante, em que nos parecia que os dias abafados iriam durar para sempre. Foi um Verão de inocência e de imprudência, e de amizade, o tipo de mistura capaz de formar uma bela redoma de vidro à volta do nosso mundo. Uma noite mudou tudo isso. Desde então, nada voltou a ser o mesmo para mim. Como poderia ser o mesmo. (Tory, pág. 17)

Lua de Sangue é, garantidamente, um livro com muitos pontos fortes, começando pela capa lindíssima e pela sinopse deliciosa mas passando, acima de tudo, pelas suas personagens fortes e carismáticas e culminando numa história misteriosa, que nos agarra de modo compulsivo para a próxima página.

Se me pedissem para enunciar as personagens que mais me marcaram do vasto leque de livros que já li, Tory Bodeen, protagonista de Lua de Sangue, certamente iria figurar entre elas. Coragem, determinação, garra e força seriam palavras que usaria para descrevê-la.

A história que nos é contada, a história de Tory, começa quando esta, uma criança de oito anos extremamente carente e negligenciada, conhece e desenvolve uma grande amizade com Hope Lavelle, filha da família mais rica da região. Desta improvável amizade forma-se um laço inquebrável, mesmo pela própria morte, a morte de Hope, às mãos de um assassino cruel que escapa impune.

Os laços que nos ligavam tinham a profundidade e a intensidade imediata que apenas as crianças são capazes de tecer. Acho que formávamos uma parelha estranha a luminosa e privilegiada Hope Lavelle e a sombria e tímida Tory Bodeen. (Tory, pág.17)

A morte brutal de Hope transforma a vida daqueles que com ela se relacionavam, principalmente, da sua família e de Tory. Assim, o tempo passa com cada um dos intervenientes profundamente marcado pelo sucedido. Quem foi o cruel assassino de Hope?

O regresso da pequena Tory, que já não é tão pequena assim, pega todos de surpresa, sobretudo a família de Hope, que vê a sua chegada como um reavivar de feridas antigas e dores profundas, a única excepção é Cade Lavelle, irmão mais velho de Hope, que vê a chegada de Tory como a derradeira oportunidade para esclarecer de uma vez por todas o que aconteceu com a irmã.

É curioso como à medida que a história se desenrola vamos testemunhando a culpa das personagens, todos acabam culpando-se de algum modo pelo sucedido com Hope. De resto, a culpa está patente em quase todas as personagens menos no próprio assassino, que garanto é o maior e mais bem guardado mistério do livro.

A história de amor entre Tory e Cade é lindíssima, assim como o romance selvagem entre Faith, a irmã gémea de Hope, e o melhor amigo de Cade.

Apaixonante é a melhor palavra que posso usar para descrever este romance, com uma história forte, mais verdadeira do que aquilo que gostaríamos (por vezes a tragédia faz parte da vida), com personagens cheios de defeitos, muitas vezes incapazes de aceitar sem julgar e uma protagonista que luta com todas as suas forças para construir uma vida normal, da qual foi privada pela própria família, e que aprende a conviver com um dom que sempre considerou uma maldição.

(Artigo de opinião da minha autoria publicado originalmente no blogue D'Magia)



O filme:

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Dados Técnicos
Título original: Carolina Moon
Diretor: Stephen Tolkin
País: EUA
Ano: 2007
Género: Drama, Mistério, Romance
Elenco: Claire Forlani, Oliver Hudson, Chad Willitt, Jonathan Scarfe, Josie Davis, Jacqueline Bisset, Shaun Johnston, Greg Lawson, Maureen Rooney, Kailin See, Shae Keeber, Gabrielle Casha
IMDb: https://www.imdb.com/title/tt0840787/

Sinopse: Uma mulher com poderes psiquicos regressa à sua terra natal para exorcizar os seus demónios e encontra tanto amor como perigo.




Comparações e pequeno resumo:


Claire Forlane é Tory Bodeen e digo desde já que faz um excelente trabalho ao encarnar uma das personagens mais carismáticas de Nora Roberts. O papel de Claire é de longe o mais complexo de todo o filme e o seu talento faz com que a atriz consiga criar uma Tory Bodeen bastante credível com todos os seus traumas, fraquezas e, para além disso, com um poder sobrenatural que ela sempre considerou uma maldição.

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Josie Davis e Claire Forlane são Faith e Tory.

Oliver Hudson é Cade Lavelle e, infelizmente, interpreta um Cade demasiado apagado ao longo de todo o filme, não conseguindo o merecido destaque para uma personagem bastante interessante. Mas como é costume Nora Roberts aposta muito mais nas suas protagonistas femininas relegando os seus interesses românticos quase para um papel secundário e muito mais apagado em termos de desenvolvimento, então Oliver Hudson não tinha tanto onde trabalhar como Claire Forlane.

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Oliver Hudson (ao centro) interpreta Cade Lavelle.

Destaque para Josie Davis que interpreta a divertida e despachada Faith Lavelle, irmã gémea de Hope, a criança assassinada no início da história, que era a melhor amiga de Tory e cujo mistério do seu assassinato continua ainda por resolver e será o mote central para o desenvolvimento de todo o filme.

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Oliver Hudson no meio de duas belezas, Josie Davis e Claire Forlane.

O mistério que impera ao longo de todo o livro, que é o assassinato de Hope, também foi muito bem conseguido no filme. A atmosfera de suspense quase que nos faz esquecer quem é o verdadeiro culpado (isto para quem já teve o privilégio de ler o livro).

A relação entre Tory e Cade até que foi bem explorada, apesar de muitas coisas terem ficado de fora, mas gostei do pormenor da cama de ferro...

Concluindo, gostei do filme e não me arrependo minimamente de o ter assistido. Claire Forlane é o ponto mais forte do filme, assim como Tory Bodenn é o ponto mais forte do livro.


Vencedor:

E o vencedor de mais esta rubrica Livro vs Filme é o livro Lua de Sangue, apesar da sua adaptação cinematográfica até não ser má de todo. Mais uma vez, passar para o ecrã todos os sentimentos e dúvidas das personagens revela-se de extrema dificuldade.

Numa história onde impera acima de tudo o crescimento interior de Tory Bodeen, a sua força e garra para ultrapassar os traumas do seu passado e as suas incertezas perante a vida, o filme não conseguiu ultrapassar as palavras e o modo de descrever os sentimentos das suas personagens de Nora Roberts, que além disso ainda nos consegue deliciar com descrições de tirar o fôlego das belas paisagens do estado da Carolina do Sul, quanto ao filme nem sei onde decorreram as filmagens...

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