Silêncio, Martin Scorsese | Opinião Filmes


Silêncio
Poster do filme Silêncio.
Realização: Martin Scorsese 
País(es): Estados Unidos da América, Itália, Japão, México 
Ano: 2016 
Género: Drama Histórico 
Elenco: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Tadanobu Asano 


Sinopse:
Século XVII. Dois padres jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver), viajam até o Japão numa época onde o catolicismo foi banido. À procura do seu mentor, padre Ferreira (Liam Neeson) os jesuítas enfrentam a violência e perseguição de um governo que deseja expurgar todas as influências externas.

Opinião:

A principal razão que me levou a ver este filme foi os seus principais intervenientes serem portugueses (as personagens, não os atores). A história de dois jovens padres jesuítas portugueses que partem para uma terra hostil à sua fé à procura do seu mentor que, supostamente, renunciou ao catolicismo parecia muito interessante.

Imagem filme Silêncio
Adam Driver e Andrew Garfield interpretam dois jovens jesuítas portugueses que partem para o Japão em busca do seu mentor.


Este filme aborda uma jornada mais espiritual do que de qualquer outro tipo. O modo como a nossa fé pode ser abalada pelas circunstâncias da vida é demonstrado pelo conflito interno do padre Rodrigues (Andrew Garfield), que oscila entre a crença quase absoluta em Deus e a descrença na sua própria força espiritual, perante o sofrimento quer do próprio e do outro.

Imagem filme Silêncio
Andrew Garfield numa cena intensa com Liam Neeson.

Silêncio é um filme intenso que, por um lado, mostra a crueldade e intolerância religiosa de um líder contra o seu próprio povo e os padres jesuítas que eram como líderes dessa fé, logo podiam representar uma grande ameaça aos interesses do Japão, que não pretendia ser comandado pela Igreja Católica, por outro lado, temos uma grande e intensa luta interna de um homem para manter a sua fé em Deus, perante toda a maldade que vai testemunhando contra os cristãos japoneses, pessoas que ele aprende a respeitar como nunca julgou ser possível.

Silêncio
A fé pode ser forte mesmo quando as circunstância são terríveis.

O inquisidor Inoue é o principal antagonista com que nos deparamos neste filme dirigido por Martin Scorsece, é um homem idoso de aspeto frágil e até bobo, que se recusa a aceitar a evolução espiritual para o cristianismo do seu povo e que com métodos arcaicos de humilhação, tortura e até morte contraria essa tendência. Mas Inoue sabe que para realmente eliminar o problema precisa que alguém dê o máximo exemplo de abandono dessa fé, os padres jesuítas são os líderes espirituais da igreja que guiam os fiéis, são eles que alimentam a fé dos inúmeros camponeses cristãos do Japão, logo quem melhor do que eles para dar o derradeiro exemplo ao seu povo desordeiro. Uma estratégia de louvar, não pela crueldade dos seus atos, mas pela inteligência da sua estratégia, qual militar que, provavelmente, foi ao longo da sua longa vida.

Silêncio
O governo do Japão utiliza todas as armas ao seu dispor para cortar as raízes do cristianismo no país.

O padre Ferreira (Liam Neeson) é uma incógnita, quer no seu paradeiro, quer na sua situação espiritual, não posso revelar o que realmente aconteceu com ele, porque acabaria por estragar o prazer de assistir a Silêncio a quem ainda não assistiu.

Antes de ver o filme perguntaram-me qual seria a razão para que o seu título fosse Silêncio. Na altura não sabia, agora sei a resposta, que é bastante simples e ao mesmo tempo complexa. É aquilo que mais abala a fé do homem em Deus nos momentos mais difíceis da sua vida, o seu silêncio perante o sofrimento da sua maior criação: o homem.

Não é um filme leve, é um filme profundo que nos faz pensar na nossa própria fé, na capacidade do seu humano de lutar e se sacrificar por algo em que acredita, e que nos causa desconforto, um desconforto que dura algum tempo. Quando acabei de ver este filme não sabia dizer se gostei ou não, mas tal tem a ver com a sua forte mensagem e com o seu final pouco feliz, uma coisa é certa não me arrependo de o ter visto, muito pelo contrário.


O melhor: O retrato perfeito de um Japão antigo que se isola e se recusa a abrir para o mundo, que ao mesmo tempo abraça e rejeita uma fé diferente de tudo aquilo que conhece.

O pior: Andrew Garfield, por alguma razão é um ator escolhido para grandes filmes que não me convence, talvez não seja falta de talento, mas falta de carisma frente às câmaras. Sinto que ele não nos “apaixona”, não nos desperta grandes emoções digamos assim.

Comentários

  1. Obrigado pela resenha Liam Neeson sempre está incrível. Eu adoro muito os livros por as histórias e sem dúvida 7 Minutos depois da meia noite é umo dos melhores filmes do Liam Neeson, já queria assistir e agora é um dos meus preferidos. Li o livro em que esta baseada faz alguns anos e foi uma das melhores leituras até hoje, e sem dúvida teve uma grande equipe de produção. É muito inspiradora, realmente a recomendo.

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    1. De nada Scarlet. Não conheço 7 Minutos depois da meia noite, mas já conheço grande parte da obra cinematográfica de Liam Neeson e gosto muito dos seus trabalhos.

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