Tudo o que ficou para trás, Nora Roberts | Opinião Livros

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Uma história apaixonante sobre confrontar o passado e saciar um antigo desejo de vingança.

Aos vinte e cinco anos, a Princesa Adrianne tem uma vida que a maioria das pessoas invejaria. Mas a sua postura de menina linda, elegante, rica e mimada é um artifício, um esforço cuidadosamente calculado para esconder uma perigosa verdade e um trágico passado.

Há uma década que Adrianne vive com desejo de vingança. Durante a infância apenas pôde assistir à crueldade escondida atrás da fachada do casamento de conto de fadas dos pais. Agora tem o plano perfeito para fazer o seu pai pagar a crueldade que cometeu: irá apoderar-se de O Sol e A Lua, um lendário colar de valor inestimável.

Contudo, conhece um homem que parece adivinhar todos os seus segredos. Inteligente, encantador e enigmático, Philip Chamberlain tem os seus próprios motivos para se aproximar de Adrianne. E só demasiado tarde ela se aperceberá do perigo… quando se vê obrigada a enfrentar dois homens extraordinários: um com o conhecimento para lhe roubar a liberdade, o outro com o poder para lhe roubar a vida.


Sou uma fã incondicional da autora Nora Roberts. Admiro a sua capacidade para criar histórias de amor lindíssimas, com um toque muito próprio, onde a característica mais vincada e que mais admiro é a personalidade forte das suas protagonistas. Tenho lido várias obras da sua autoria ao longo dos anos e um dos meus livros preferidos até hoje é Lua de Sangue. Nunca me desapontei com os seus livros, mas desta vez estive próxima desse sentimento.

Tudo o que ficou para trás está longe de ser o livro mais romântico da autora. Apenas quando passamos mais de metade da sua leitura é que, finalmente, os protagonistas interagem entre si. A partir daí, torna-se tudo demasiado rápido. O fim é pouco credível, do meu ponto de vista.

O livro aborda a vida de Phoebe Springs, atriz famosa, talentosa e de uma beleza incomparável, que abdica de todos os luxos de Hollywood por amor, quando o seu ingénuo coração é arrebatado por Abdu, um charmoso xeque de um pequeno país árabe chamado Jaquir, tornando-se a sua rainha. No entanto, o que parecia uma história de amor de conto de fadas, depressa se revela um autêntico pesadelo. Desprezada pelo homem que amava por lhe ter dado uma filha ao invés do esperado herdeiro do trono e não poder ter mais filhos, Phoebe encontra-se sozinha num país com fortes tradições muçulmanas, onde as mulheres não passam de adereços, que servem unicamente para agradar aos homens, e estes podem ter várias esposas. Maltratada, humilhada e violada repetidamente pelo marido, ela aguenta tudo por ainda o amar e, principalmente, pela filha que, apesar de tudo, cresce feliz no harém do pai, o único mundo que conhece. Para colmatar a dor, Phoebe sucumbe ao consumo de álcool e calmantes, tornando-se rapidamente vítima do vício. Todavia, quando Abdu ameaça levar a sua filha para uma escola na Alemanha e casá-la com um homem mais velho, por conveniência, quando esta fizesse quinze anos, tudo muda.

Adrianne é a filha mestiça de Phoebe, odiada pelo pai, por lhe lembrar a sua maior fraqueza, o casamento com uma ocidental. Cresce na América, sem apoios de qualquer tipo do pai, com uma mãe doente, que nunca conseguiu recuperar de tudo o que passou em Jaquir. Desde cedo, Adrianne desenvolve um profundo sentimento de revolta e vingança contra Abdu, sentimento que não esmorece, mesmo com a morte da mãe. É durante a sua cruzada de vingança contra Abdu, que conhece Philip, um famoso ladrão de jóias internacional, tal como ela. Juntos, iniciam um duelo de vontades, ao mesmo tempo que planeiam o roubo de uma jóia de valor incalculável, de seu nome “O Sol e a Lua”, guardada no cofre real do palácio de Jaquir.

Abdu representa uma personagem completamente detestável. O desprezo e ódio que sentia pela mulher e pela filha eram quase palpáveis e sem uma razão válida. Nem a idade serviu para derreter um bocadinho que fosse aquele coração de pedra, se calhar até de diamante, não pelo seu valor, mas porque ouvi dizer que é um dos materiais mais duros do mundo. Phoebe era uma mulher ao mesmo tempo corajosa e extremamente frágil e quebradiça. Tive muita pena de que esta não tivesse a força suficiente para recuperar o controlo da sua vida. Senti a vitória de Abdu sobre ela com muito desagrado. Adrianne era mais forte, por ter herdado um pouco do caráter frio do pai, mas herdou principalmente a bondade da mãe. Philip era um autêntico bon vivant que reconheceu de imediato a mulher da sua vida. Mas conseguirá ele fazer com que ela perceba isso?

Enfim, um livro que me deixa um bocado triste, mais pela história em si do que pelo trabalho de Nora Roberts, que não deixa de ser excelente.

Artigo de opinião da minha autoria publicado originalmente no blogue Segredo dos Livros.

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