Um Erro Fatal, Sophie Hannah | Opinião Livros

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Sinopse:

A manhã que mudou a vida de Nicki Clements seria como tantas outras se o seu filho não tivesse esquecido a mochila em casa.
Foi com o objetivo de lha entregar que ela saiu.
Não planeara passar vezes sem conta pela casa do controverso jornalista Damon Blundy, recentemente assassinado. Mas a verdade é que passou...
É a estranheza do seu comportamento que leva a polícia a interrogá-la. Nicki diz a verdade: não conhecia Damon.

E não, não sabe explicar a enigmática arma do crime. Nem tão-pouco entende a mensagem que o assassino escreveu a tinta vermelha na parede da vítima: “ELE NÃO ESTÁ MENOS MORTO”.
O problema é que não poderá nunca revelar porque estava tão perto do local do crime. Se o fizer, terá de confessar um segredo que a destruirá. É que Nicki pode não ser culpada, mas está longe de ser inocente...

Opinião:

Demorei a pegar nesta obra é certo, uma vez que fui colocando outros livros no meu rol de prioridades; em parte porque os achei mais interessantes, em parte porque as outras opiniões acerca desta obra não eram muito favoráveis e fiquei um bocado desmotivada. Contudo, não podia ter ficado mais agradavelmente surpreendida com este policial, que tem a particularidade de ter sido escrito pela autora que irá continuar com a saga de um dos mais famosos detetives de todos os tempos: Hercule Poirot. Não posso deixar de apontar que sou uma grande fã do Senhor Poirot.

A investigação do homicídio bizarro de um colunista de opinião, odiado por todos e mais alguns, devido às suas críticas mordazes e sarcásticas em relação a um grande número de pessoas notáveis, leva a uma história repleta de reviravoltas e muitas surpresas. No centro desta investigação, estará Nicki Clements, uma mulher sem qualquer relação aparente com a vítima, ou será que ela nunca teve mesmo qualquer contacto com Damon Blundy?

Quando comecei a ler este livro, não conseguia parar, tal era a minha curiosidade em relação à identidade do assassino e à história rocambolesca de Nicki Clements, uma mulher com uma vida aparentemente igual a tantas outras, mas que na realidade esconde não um, mas dois grandes segredos.

Um livro muito bem escrito, que alterna capítulos escritos na primeira pessoa, nos quais Nicki é a voz que nos conduz através da sua vida atribulada, com capítulos escritos na terceira pessoa, nos quais um narrador nos leva a conhecer a investigação complexa, com mais suspeitos do que seria desejável, do homicídio de Damon Blundy. Por fim, temos ainda as colunas de opinião da vítima, publicadas periodicamente num dos jornais com mais tiragem do Reino Unido. Achei os artigos de Damon muito divertidos, com um sarcasmo ácido e intenso. Era impossível que os seus alvos não se sentissem diminuídos e ofendidos perante aqueles textos cheios de perspicácia, tenacidade e não necessariamente belos. Quando me deparei com o primeiro artigo de Damon Blundy, percebi de imediato que a resposta acerca do seu assassinato estaria, pelo menos em parte, naquelas linhas, porque há palavras que podem ser autênticas armas de arremesso.

Do vasto leque de suspeitos, temos, como é óbvio, a esposa pouco atraente, um colunista de opinião que trabalha num jornal corrente, um campeão velocista caído em desgraça devido ao consumo de doping, um bem-sucedido escritor de romances de terror/ficção científica ex-toxicodepend ente, uma bela ex-deputada trabalhista conhecida pelos seus inúmeros casos extraconjugais, duas ex-esposas bastante negligenciadas durante os seus curtos casamentos com a vítima, Nicki Clements, uma mulher sem qualquer relação aparente com Damon Blundy, ou alguém associado a ela, como a ex-melhor amiga, o irmão, o marido ou o seu amante virtual. De momento, não me lembro de mais ninguém relevante entre o leque de suspeitos. Quero apenas indicar que, quando nos deparamos pela primeira vez com o verdadeiro mentor do assassinato, torna-se difícil não suspeitar da sua relação direta com a morte de Damon Blundy, e mais não digo…

Concluindo, adorei. Um verdadeiro policial, que não se limita a investigar o crime como tantos outros, mas que nos leva para lá da vida da protagonista e explora toda a sua complexidade. De uma mentirosa compulsiva, a uma mulher cheia de segredos e traumas plenamente justificados, a uma mentirosa compulsiva novamente, Nicki Clements é, certamente, o ponto mais forte desta obra, relegando para segundo plano a equipa de investigadores responsáveis pelo caso. No entanto, senti que faltou uma conclusão para esta personagem tão bem desenvolvida. Foi como se esta perdesse toda a sua relevância, a partir do momento em que é divulgada a identidade do assassino. Enfim, senti que a Nicki foi um bocado negligenciada pela autora no final do livro.

P.S.: O modo como a autora inicia a história é genial, apesar de só nos apercebermos disso nos últimos capítulos.

Artigo de opinião da minha autoria publicado originalmente no blogue Segredo dos Livros.


Sobre a autora:

Sophie-Hannah
Sophie Hannah
Sophie Hannah, natural de Manchester, é uma poetisa galardoada de enorme sucesso. A sua última coletânea, First of the Last Chances, foi escolhida pela Poetry Book Society como uma das obras de referência da nova geração de poetas, em Junho de 2004. Foi finalista do prémio TS Eliot.
Pouco tempo depois de dar à luz o seu primeiro filho, escreveu O Pesadelo de Alice, a sua primeira incursão pelo thriller, um desafio que lhe tem valido os mais entusiastas elogios de toda a crítica literária. Foi a escritora escolhida para dar nova vida ao incomparável Hercule Poirot.
Vive em Cambridge, onde é professora honorária.

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