Joker, Todd Phillips | Opinião Filmes

Dados Técnicos:

Título original: Joker
Diretor: Todd Phillips

País: EUA

Ano: 2019
Classificação: M/14

Género: Crime, Drama, Thriller

Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Shea Whigham, Bill Camp, Glenn Fleshler

IMDb: https://www.imdb.com/title/tt0007286456/

Sinopse:

Arthur Fleck é um homem que enfrenta a crueldade e o desprezo da sociedade, juntamente com a indiferença de um sistema que lhe permite passar da vulnerabilidade para a depravação. Durante o dia é um palhaço e à noite luta para se tornar um artista de stand-up comedy…mas descobre que é ele próprio a piada. Sempre diferente de todos em seu redor, o seu riso incontrolável e inapropriado, ganha ainda mais força quando tenta contê-lo, expondo-o a situações ridículas e até à violência. Preso numa existência cíclica que oscila entre o precipício da realidade e da loucura, uma má decisão acarreta uma reacção em cadeia de eventos crescentes e, por fim, mortais.

Opinião:

Este filme tem tudo para, com o tempo, ser considerado uma obra-prima do cinema e um sério candidato aos oscares no próximo ano. Joaquin Phoenix tem aqui uma interpretação deslumbrante de uma personagem carregada de defeitos e, por isso, tão desejada pelos atores. Jack Nicholson, Heath Ledger e, com menos sucesso, Jared Leto, todos eles usaram a personagem Joker para se superar enquanto atores, uma vez que representar Joker é estar numa dança constante entre a sanidade e a loucura. É entrar numa mente deturpada onde a dança da personagem com a realidade é como as cenas de dança que Joaquin Phoenix fez ao longo do filme, isolada, fora de contexto, mas ao mesmo tempo com uma graciosidade inesperada.

Joaquin Phoenix é o famoso Joker.

Joaquin Phoenix teve aqui um trabalho que os outros atores que interpretaram a mesma personagem não tiveram, que foi carregar esta personagem icónica nos ombros como o protagonista do seu próprio filme e saiu-se incrivelmente bem. Não quero entrar em comparações entre o Joker de Joaquin Phoenix e os Jokers interpretados pelos outros atores, como tenho visto por aí. Neste artigo de opinião vou comentar o último filme que fui assistir ao cinema e que adorei: Joker.

Arthur Fleck trabalha como palhaço durante o dia e, ao mesmo tempo, tenta entrar no mundo do stand-up comedy, mas ele possui sérios problemas mentais que minam a sua vida e que tornam tudo extremamente difícil para ele como a sua incontrolável e extremamente inoportuna risada. Ao mesmo tempo a mítica cidade de Gotman City está em crise. Uma enorme crise financeira que levou à greve dos funcionários da câmara responsáveis pela recolha do lixo, fazendo com que a cidade se tornasse num autêntico aterro, infestada de lixo e com a criminalidade a subir a níveis nunca antes vistos.

Arthur Fleck tenta se tornar num artista de stand up comedy.

A maior promessa para a cidade parece ser o empresário milionário Thomas Wayne que vive rodeado pelo luxo e por todas as riquezas possíveis e que se candidata à câmara para, nas palavras do próprio "limpar a cidade dos palhaços que a sujam", e o que devia ser uma frase de sentido figurado acaba por incendiar os ânimos dos cidadãos menos favorecidos de Gotman City, negligenciados e desprezados como Arthur e que vêm a figura de um palhaço como um símbolo de revolta contra a elite corrupta da cidade.

É Arthur Fleck quem se torna um símbolo (palhaço anónimo) para os mais desfavorecidos de Gotman City ao, inadvertidamente e sem intenção através de um crime que comete num momento de descontrolo quando é vítima de um ataque brutal, incendiar a revolta contra os políticos corruptos da cidade e são as suas ações que vão desencadear uma série de acontecimentos que levarão a um desfecho inevitável que é o assassinato de Thomas Wayne e da esposa em frente ao filho pequeno de ambos, Bruce Wayne que mais tarde ficará conhecido pelo justiceiro vingador Batman, mas essa é outra história...

O palhaço torna-se no símbolo de revolta do povo da cidade.

Neste filme é nos apresentada uma nova versão do passado de Joker, sendo que ao longo dos vários filmes de Batman, o passado de Joker nunca foi propriamente consensual. A versão aqui apresentada talvez seja a mais realista em termos da evolução psicológica da personagem, mas ao mesmo tempo acrescenta novas teorias que a principio nos pareceram pouco plausíveis, como o caso da suposta paternidade de Joker, que não ficou provada, mas que pode muito bem ser verdadeira dentro deste novo universo criado por Todd Phillips.

Quando estamos a assistir Joker nunca temos a certeza do que é real e do que é fruto da imaginação do protagonista, o que nos leva numa viagem quase tão louca como a viagem da personagem. A principio houveram momentos do filme que me pareceram reais, mas que afinal se revelaram fruto da mente de Joker, mas não vou entrar em detalhes para não estragar o prazer a quem ainda não assistiu. Para além disso a banda sonora do filme também está soberba, permitindo-nos uma viagem ainda mais alucinante.

Arthur Flecke é uma vítima da criminalidade de Gotman City.

O melhor: O Joker/Arthur Fleck brilhantemente interpretado por Joaquin Phoenix.

O menos bom: Li algumas críticas bem negativas ao filme, algumas com razão, outras demasiado empoladas, mas não vou apontar nada, porque eu assisto um filme pelo prazer de assistir, não para criticar todos os aspetos negativos que vejo.