O Ano Em Que Nos Amámos Perigosamente, Julia London | Opinião Livros

Inglaterra, 1808. Quando Declan O'Conner, conde de Donnelly, chega a Hadley Green para conhecer a nova condessa de Ashwood, basta-lhe apenas um olhar para perceber que a bela nobre que o recebe não é quem deveria ser. Para tentar fugir a um casamento indesejável, Keira Hannigan assumiu a identidade da verdadeira condessa, sua prima, em viagem pelo estrangeiro. Intrigado com o segredo que rodeia a mentirosa sedutora, Declan decide não a desmascarar e até concorda em ajudá-la a lançar luz sobre o mistério que envolve as preciosas joias desaparecidas de Ashwood. A situação, no entanto, precipita-se rapidamente quando um chantagista obscuro ameaça revelar o escândalo e o conde percebe que deve proteger Keira a todo custo.

Estamos perante um livro leve, que se lê num instante, com momentos bastante divertidos e personagens interessantes. A história gira em torno de dois protagonistas com as típicas personalidades incendiárias irlandesas, mas a ação decorre numa típica vila rural inglesa, Hadley Green, o que acaba por resultar numa combinação deliciosa e que funciona às mil maravilhas.

Em relação às personagens principais, há a destacar o espírito rebelde de Keira, a sua beleza e o seu grande anseio por liberdade. Declan é muito semelhante a ela. Ambos ambicionam liberdade e viver a vida ao máximo. São como dois espíritos independentes e indomáveis. No entanto, Keira é uma miúda ingénua que viveu de modo privilegiado durante toda a sua vida, e um tanto irresponsável, no sentido de não conseguir medir as consequências dos seus atos, apesar das suas nobres intenções.

Keira e Declan conhecem-se desde sempre, uma vez que são originários da mesma terra na Irlanda e sempre existiu uma grande química entre os dois, talvez algo mais... Estão de costas voltadas, devido a um acontecimento com contornos trágicos que envolveu a ambos e que acabou por ter repercussões nefastas sobre a reputação de Declan e, consequentemente, por afetar a irmã deste. Assim, Declan exibe uma certa animosidade por Keira. Apesar disso, não consegue resistir à jovem e aceita ajudá-la com a sua enorme farsa: fazer-se passar pela sua prima, a nova condessa de Ashwood.

A história deixa-nos num grande suspense sobre qual é a verdade por detrás do fatídico acontecimento que aconteceu naquela vila há cerca de quinze anos, quando um homem foi enforcado, devido ao roubo de jóias de valor incalculável. Mas a verdade por detrás desse acontecimento pode ser ainda mais trágica do que inicialmente julgávamos. É essa busca pela verdade que irá envolver os protagonistas numa grande aventura e aproximá-los cada vez mais.

A escrita é bastante simples e acessível, apesar de ter achado que a autora acabou por arrastar a narrativa um pouco em demasia. Podemos não estar perante uma obra prima da literatura, mas estamos, certamente, perante uma boa história, com todos os ingredientes que agradam aos fãs de romances históricos, acrescentando um toque de mistério na medida certa.

Artigo de opinião da minha autoria publicado originalmente no blogue Segredo dos Livros.

Julia London é autora de mais de duas dezenas de romances e bestseller do New York Times e do USA Today. Já recebeu o Romantic Times Bookclub Award para Melhor Romance Histórico e foi quatro vezes finalista do prestigiado prémio RITA pela excelência em ficção romântica.