TOP 7 - Clássicos da Literatura Escritos por Mulheres

TOP 7 - Clássicos da literatura mundial escritos por mulheres

8 de março é o Dia Internacional da Mulher, um pouco por todo o lado assistimos a uma série de manifestações de homenagem a este dia, que foi criado como forma de luta a favor dos direitos das mulheres, nomeadamente, por melhores condições de vida e de trabalho. 

Depois de pensar sobre qual deveria ser a minha homenagem a este dia e às mulheres em geral, decidi criar um TOP 7 dedicado às mulheres que conseguiram deixar a sua marca na literatura mundial, porque é inegável que são os homens que têm vindo a dominar a literatura desde sempre. Todavia, existem mulheres que conseguiram criar autênticas obras-primas que lhes garantiram um lugar na história da literatura clássica e, consequentemente, neste TOP 7.

Os clássicos da literatura escritos por mulheres que figuram deste TOP 7 são os seguintes:


1- Frankenstein (Mary Shelley)

Capa do livro Frankenstein, Mary Shelley

Mary Shelley começou a escrever Frankenstein quando tinha apenas dezoito anos. Simultaneamente, um thriller gótico, um romance apaixonado e um conto de advertência sobre os perigos da ciência, Frankenstein conta a história do estudante de ciências Victor Frankenstein. Obcecado em descobrir a origem da vida e conseguindo animar matéria inerte, Frankenstein monta um ser humano a partir de partes do corpo roubadas; porém, ao trazê-lo à vida, recua horrorizado ante a fealdade da criatura.

Atormentada pelo isolamento e pela solidão, a criatura outrora inocente vira-se para o mal e desencadeia uma campanha de vingança assassina contra o seu criador, Frankenstein.

Frankenstein, um best-seller instantâneo e um antepassado importante do terror e da ficção científica, não só conta uma história aterrorizante, como também suscita perguntas profundas e perturbadoras sobre a própria natureza da vida e o lugar da humanidade no cosmos: o que significa ser humano? Quais são as responsabilidades que temos uns com os outros? Até onde podemos ir na manipulação da Natureza? Na nossa época, cheia de notícias sobre a engenharia genética, doação de órgãos e bioterrorismo, estas questões são mais relevantes do que nunca.


Mary Shelley
Mary Shelly

Mary Shelley (nascida Mary Wollstonecraft Godwin) foi uma romancista britânica, contista, dramaturga, ensaísta, biógrafa, escritora de viagens e editora das obras do seu marido, o poeta romântico e filósofo Percy Shelley. Era filha do filósofo político William Godwin e da escritora, filósofa e feminista Mary Wollstonecraft.

Mary Shelley foi levada a sério como escritora ainda em vida, embora os críticos tenham muitas vezes deixado escapar o tom político dos seus livros. No entanto, após a sua morte, foi principalmente lembrada apenas como mulher de Percy Shelley e como autora de Frankenstein. Só em 1989, quando Emily Sunstein publicou a sua biografia premiada Mary Shelley: Romance and Reality, é que se analisou pela primeira vez de forma exaustiva todas as cartas, diários e obras de Shelley no seu contexto histórico.

Os estudiosos consideram Mary Shelley uma grande figura romântica, importante pela sua obra literária e pela sua voz política como mulher e liberal.


2- Orgulho e Preconceito (Jane Austen)

Capa do livro Orgulho e Preconceito, Jane Austen

O encontro da opiniosa Elizabeth Bennet com o seu orgulhoso e sombrio Mr. Darcy é o extraordinário retrato de um confronto civilizacional. 

O romance mais amado de Austen é uma história inesquecível sobre a imprecisão das primeiras impressões, o poder da razão e, acima de tudo, a estranha dinâmica das relações e emoções humanas. Uma magnífica comédia de costumes na Inglaterra da era georgiana.


Jane Austen
Jane Austen

Jane Austen (1775–1817) nasceu em Steventon, no Hampshire, em dezembro de 1775, tendo morrido nessa mesma região de Inglaterra, em julho de 1817. Embora pouco conhecida do grande público durante toda a sua vida, a sua popularidade cresceu a partir de 1869 até ter sido reconhecida, no século XX, como uma verdadeira autora clássica e uma das maiores escritoras de língua inglesa, cujas obras fundem romantismo e realismo numa só linha narrativa. A sua perspicaz sagacidade e retratos incisivos de pessoas comuns deram origem a romances de popularidade intemporal.

Para além do romance Orgulho e Preconceito, publicado em 1813, mas acabado de escrever em 1797, quando a autora não tinha ainda completado 22 anos de idade, sendo um dos romances mais populares da literatura britânica, e do Sensibilidade e Bom Senso, publicou ainda em vida O Parque de Mansfield e Emma. Os romances A Abadia de Northanger, Sanditon e Persuasão seriam publicados já após a sua morte.


3- O Monte dos Vendavais (Emily Brontë)

Capa do livro O Monte dos Vendavais, Emily Bronte


O Monte dos Vendavais é uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. Único romance escrito por Emily Brontë, é a narrativa poderosa e tragicamente bela da paixão de Heathcliff e Catherine Earnshaw, de um amor tempestuoso e quase demoníaco que acabará por afetar as vidas de todos aqueles que os rodeiam como uma maldição. 

Adoptado em criança pelo patriarca da família Earnshaw, o senhor do Monte dos Vendavais, Heathcliff é ostracizado por Hindley, o filho legítimo, e levado a acreditar que Catherine, a irmã dele, não corresponde à intensidade dos seus sentimentos. Abandona assim o Monte dos Vendavais para regressar anos mais tarde disposto a levar a cabo a mais tenebrosa vingança. 

Magistral na construção da trama narrativa, na singularidade e força das personagens, na grandeza poética da sua visão, nodoso e agreste como a raiz da urze que cobre as charnecas de Yorkshire, O Monte dos Vendavais reveste-se da intemporalidade inerente à grande literatura.

Emily Bronte
Emily Brontë

Emily Jane Brontë nasceu a 30 de julho de 1818, em Thornton, no Yorkshire, e faleceu em Haworth, vítima de tuberculose, a 19 de Dezembro de 1848, com apenas 30 anos.

Filha de Patrick Brontë, nomeado pároco vitalício em Haworth, foi criada com os seus irmãos Charlotte, Anne e Patrick Branwell pela tia, Elizabeth Branwell. A família constituía uma sociedade fechada e isolada, e os quatro irmãos sentem desde a infância motivação para o estudo e para a composição literária. Escreveram contos, histórias fantásticas, poemas, jornais, folhetins e editaram uma revista mensal. Emily Brontë foi a autora do ciclo de Gondal, cuja pátria imaginária inspirou alguns dos seus poemas mais arrebatados.

Emily tentou ganhar a vida como professora, mas a saúde precária obrigou-a a desistir. É através de O Monte dos Vendavais, o seu único romance, que permanece na nossa memória: Uma história empolgante que é e uma das obras mais intensas da língua inglesa.


4- E Tudo o Vento Levou (Magaret Mitchell)

E Tudo o Vento Levou tem como pano de fundo a Guerra Civil Americana, que opôs o Norte industrializado ao Sul das grandes propriedades de trabalho escravo negro.

A bela e caprichosa Scarlett O’Hara vive em Tara, no estado sulista da Geórgia, numa plantação de algodão. Estamos em 1861. Os seus amigos e, em geral, todos os jovens aguardam com entusiasmo a entrada na guerra, esperando uma vitória rápida. A exceção é o aventureiro Rhett Butler, que se sente atraído por Scarlett. Mas esta está apaixonada por Ashley Wilkes, que se prepara para casar com Melanie Hamilton. Depois da guerra, Scarlett procura reconstruir a propriedade familiar para onde regressa, recorrendo à obstinação, astúcia e mesmo a um casamento de conveniência.

E Tudo o Vento Levou foi escrito ao longo de dez anos por Margaret Mitchell, tendo conhecido edição em 1936 e acabando por ser a única obra da autora publicada em vida (a sua novela adolescente Lost Laysen teve edição póstuma).

Venceu o National Book Award (1936), o Pulitzer no ano seguinte, foi traduzida em dezenas de línguas e vendeu milhões de exemplares.

O romance apresenta a visão do Sul derrotado, que tentou contrariar o sentido libertador da evolução, mas os seus dramas e paixões transcendem, como sempre sucede em literatura, as circunstâncias sociais da época.

Margaret Mitchell
Margaret Mitchell

Margaret Mitchell nasceu na cidade norte-americana de Atlanta em 1900 e morreu atropelada a 11 de agosto de 1949. O seu pai era um conhecido advogado, que presidia à Sociedade de História de Atlanta, e a mãe uma empenhada sufragista. Desde muito nova, Margaret interessou-se pelas narrativas da Guerra de Secessão, que o seu pai, mãe e alguns veteranos confederados lhe contavam.

Na infância e adolescência, escreveu algumas histórias sobre animais, amores românticos e cowboys. Estudou na escola primária da sua cidade e iniciou depois o curso de medicina no Smith College, tencionando ser psiquiatra. A morte em combate do seu noivo, o tenente Clifford Henry, em França, e depois da sua mãe, vítima da gripe espanhola, levaram-na a regressar a casa, para cuidar do pai e do irmão, tendo desenvolvido projetos sociais junto da população negra de Atlanta. Pouco depois, tornou-se jornalista, colaborando, a partir de 1922, na Sunday Magazine do The Atlanta Journal.

Em 1926, sofreu um acidente, e foi durante a convalescença que iniciou o romance que a tornaria célebre. O livro foi escrito de modo algo caótico, acumulando episódios à medida que a autora tomava conhecimento de novos documentos e testemunhos. Tal como noutros grandes romances, é a guerra, com o seu cortejo de perigos e separações, que confere às relações amorosas uma intensidade inesperada.

A publicação em 1936 de E Tudo o Vento Levou e a sua rápida transformação no que é talvez o maior êxito literário da primeira metade do século XX fizeram de Margaret Mitchell uma mulher abastada. Decidiu então deixar de escrever para se dedicar a obras de filantropia.


5- Jane Eyre (Charlotte Brontë)

Capa do livro Jane Eyre, Emily Bronte


Jane Eyre, criança órfã, cresceu em casa da tia, onde a solidão e a crueldade imperavam, e ainda numa escola de caridade com um regime severo. Esta infância fortaleceu, no entanto, o seu espírito de independência, que se revela crucial quando ocupa o lugar de preceptora em Thornfield Hall. 

Porém, quando se apaixona por Mr. Rochester, o seu patrão, um homem de grande ironia e cinismo, a descoberta de um dos seus segredos força-a a uma opção. Deverá ficar com ele e viver com as consequências disso, ou seguir as suas convicções, mesmo que para tal tenha de abandonar o homem que ama? 

Publicado em 1847, Jane Eyre chocou inúmeros leitores com a sua apaixonada e intensa descrição da busca de uma mulher pela igualdade e a liberdade.


Charlotte Bronte
Charlotte Brontë

Escritora inglesa, nascida em 1816, em Thornton (Yorkshire), e falecida em 1855, filha de um pastor anglicano, perdeu a mãe em 1821, ficando confiada aos cuidados de uma tia materna.

Em 1842, foi estudar, juntamente com a irmã Emily, para Bruxelas, onde mais tarde exerceu a função de professora. 

Em 1846, publicou, com Emily e Anne, o volume de versos Poems by Currer, Ellis, and Acton Bell, vindo o primeiro romance que escreveu, The Professor, a ser publicado postumamente, em 1857. Publicou igualmente os famosos romances Jane Eyre (1847), Shirley (1849) e Villette (1853).


6- O Diário de Anne Frank (Anne Frank)

Capa do livro O Diário de Anne Frank, Anne Frank


Escrito entre 12 de junho de 1942 e 1 de agosto de 1944, O Diário de Anne Frank foi publicado pela primeira vez em 1947, por iniciativa de seu pai, revelando ao mundo o dia a dia de dois longos anos de uma adolescente forçada a esconder-se, juntamente com a sua família e um grupo de outros judeus, durante a ocupação nazi da cidade de Amesterdão.

Todos os que se encontravam naquele pequeno anexo secreto acabaram por ser presos em agosto de 1944, e em março de 1945 Anne Frank morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen, a escassos dois meses do final da guerra na Europa. O seu diário tornar-se-ia um dos livros de não ficção mais lidos em todo o mundo, testemunho incomparável do terror da guerra e do fulgor do espírito humano.


Anne Frank
Anne Frank

Anne Frank nasceu a 12 de junho de 1929 em Frankfurt, na Alemanha, no seio de uma família judaica. Em 1933, após a tomada de poder pelos nazis, os seus pais decidiram partir para Amesterdão, na Holanda, país que tinha fama de bem acolher as minorias religiosas. Em 1940, porém, os alemães invadem este território e iniciam uma forte perseguição aos judeus, reencaminhando-os para "campos de trabalho". Depois de dois anos de reclusão num anexo ao antigo escritório do pai, Anne Frank é detida em agosto de 1944. Viria a morrer de tifo no campo de concentração de Bergen-Belsen em março de 1945.

O diário que escreveu durante este período tornou-se uma das obras de não ficção mais lidas em todo o mundo.


7- Mrs. Dalloway (Virginia Woolf)

Capa do livro Mrs Dalloway, Virginia Woolf

A Primeira Guerra Mundial terminou, o Verão apodera-se de Londres e Clarissa prepara-se para dar mais uma das suas festas. Mas o aparecimento de Peter Walsh, o seu primeiro amor, vai atiçar o passado, trazendo-lhe à memória os sonhos de juventude. E de súbito, Clarissa Dalloway toma consciência da força da vida em seu redor.

A singularidade da obra vem dessa espécie de sósia de Mrs. Dalloway, que é Septimus Warren Smith, um homem prestes a enlouquecer com o trauma da guerra e com quem Clarissa parece partilhar uma mesma consciência. Septimus é contraponto de Clarissa: uma chaga aberta, a sua dor exposta ao mundo. Clarissa, por outro lado, esconde o seu silêncio, cobrindo-o com festas sociais.

Virginia Woolf expõe neste romance diferentes modos sentir, evocando, mais que o espírito do tempo, o espírito da própria vida no olhar de cada personagem.


Virginia Woolf
Virginia Woolf

Virginia Woolf nasceu em Londres a 25 de janeiro de 1882, filha de Sir Leslie Stephen, escritor e historiador ilustre da Inglaterra vitoriana. Desde cedo ligada a grupos de intelectuais, casou em 1912 com Leonard Woolf e com ele fundou a editora Hogarth Press, responsável pela revelação de autores como Katherine Mansfield e T. S. Eliot e pela publicação das suas próprias obras. 

Reconhecida como uma das mais proeminentes figuras do modernismo britânico, destacam-se entre os seus trabalhos os romances Mrs Dalloway (1925), Orlando (1928) e As Ondas (1931), assim como o ensaio Um Quarto que Seja Seu (1929). 

Após sucessivas crises depressivas e não suportando o isolamento provocado pelo agravar da Segunda Guerra Mundial, suicida-se a 28 de março de 1941, em Lewes.

Nota: as sinopses e biografias aqui apresentadas não são da minha autoria, elas foram retiradas das capas e contracapas dos respetivos livros.

Comentários

  1. Oi, Sonia. Como vai? Que lista magnífica! Destes da sua lista de clássicos eu li quase todos, só não li o 5 e o 7. São obras literárias maravilhosas, não é mesmo! O preferido por mim é o livro 3 da lista. Uma obra grandiosa, diga-se. Adorei a lista. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Oi Luciano :)
      Tem que ler o 5, é uma obra espetacular, mas a Charlotte Bronte não tem a intensidade da escrita da irmã Emily, por isso concordo com a sua escolha.
      O meu favorito é o 1, cada vez que leio "Franksenstein" encontro algo novo!
      Abraço

      Eliminar
  2. O Morro dos Ventos Uivantes e Orgulho e Preconceito são tudo para mim. Os demais estão na minha lista. Já conhecia as autoras e as admiro demais!!!

    Bjs

    Imersão Literária

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Oi Leyanne.
      Essas duas obras são, realmente, muito boas.
      Também admiro imenso todas as autoras aqui apresentadas, afinal, elas conseguiram deixar o seu marco na literatura mundial!
      Beijos

      Eliminar

Enviar um comentário

O seu comentário é muito importante para mim. Sinta-se livre de expressar as suas opiniões, ideias ou simplesmente desabafos. Prometo responder sempre que possível.
Muito obrigada pela sua visita!