Trilogia Signo dos Sete | Nora Roberts

Durante muitos anos tenho vindo a apregoar a minha paixão pelos romances de Nora Roberts. Os seus livros são compostos por histórias de amor avassaladoras e, ao mesmo tempo, reais. As suas personagens costumam ser tão verdadeiras quanto as suas virtudes e os seus defeitos. As suas obras são, na sua maioria, romances contemporâneos protagonizados por mulheres fortes, senhoras do seu destino e que lutam com todas as suas forças para ultrapassar as adversidades. No entanto, a autora tem se aventurado noutros registos, nomeadamente, no romance fantástico e a trilogia que aqui trago, Trilogia Signo dos Sete, representa essa incursão por parte da autora. 

Como fã do género fantástico vi com bons olhos esta nova aventura de Nora Roberts, mas confesso que saí um pouco desiludida desta nova experiência. As razões? Passo a explicar no texto abaixo, onde procuro falar um pouco sobre cada um dos livros que compõem esta trilogia de romance paranormal, passada numa pacata cidade do interior dos Estados Unidos da América com o nome de Hawkins Hollow. Cada livro aborda, para além do enredo principal que envolve uma maldição secular sobre a cidade, um romance entre duas pessoas profundamente ligadas à maldição que paira sobre a cidade.


Sinopse: Na pacata cidade de Hawkins Hollow, três amigos que partilham a mesma data de aniversário fogem para os bosques para uma noite de divertimento. Mas o que era apenas uma brincadeira rapidamente se transforma num pesadelo quando o juramento de irmãos de sangue que fazem liberta uma maldição de trezentos anos.

Vinte e um anos depois, Cal Hawkins e os seus amigos assistem a uma semana de tragédias inexplicáveis que assombram a sua cidade, e que se repete a cada sete anos. Quinn, uma famosa jornalista, está decidida a descobrir a maldição que paria sobre Hollow e, apesar dos protestos de Cal, fará tudo para desvendar esse mistério. Mas quando os primeiros sinais malévolos voltam a surgir, não é apenas a sua terra que Cal tem que proteger, mas também o seu coração.


Comentários: Como primeiro livro da trilogia coube a Irmãos de Sangue introduzir a história e os acontecimentos passados que levaram ao presente amaldiçoado de Hawkings Hollow. Um ser demoníaco foi aprisionado séculos atrás num local isolado com recurso a uma grande pedra chamada Pedra Pagã, mas séculos mais tarde três amigos cometem o infortúnio de o libertar e lançar sobre si e sobre todos os habitantes da cidade toda uma série de desgraças que ocorrem a cada sete anos.

Os protagonistas deste livro são Cal, um dos três amigos responsáveis por libertar o mal sobre a cidade e Quinn. Cal Hawkings é descendente direto dos fundadores da cidade e Quinn, uma investigadora de histórias paranormais que vê em Hawkings Hollow matéria para um livro muito interessante.

Cal é a meu ver a personagem mais terra a terra em toda esta trilogia ao passo que Quinn me parece uma personagem demasiado bidimensional, algo raro nos livros de Nora Roberts, autora sempre constante a explorar a profundidade dramática das suas protagonistas femininas. Mas talvez por se tratar de um romance fantástico ela tenha passado mais tempo a explorar a história que as personagens em si. De facto, um dos pontos mais negativos de todos os romances que compõem esta trilogia é mesmo a falta de profundidade e conflitos internos na maioria das suas personagens, pois a Senhora Roberts está mais ocupada a aprofundar a componente sobrenatural dos livros do que propriamente com romance entre os protagonistas.


Sinopse: Para Fox, Caleb e Gage o número sete representa tragédia. Há muitos anos, um ritual inocente entre eles libertou um mal antigo na sua terra natal. Como resultado, sete dias de loucura repetem-se a cada sete anos. Agora, já homens, sentem esse mal a regressar. Visões de morte e destruição atormentam-nos. Mas este ano, três mulheres juntaram-se à batalha: Layla, Quinn e Cybil. Será que também elas estão ligadas a essa maldição?

Desde criança que Fox tem a capacidade de ler outras mentes, um talento que partilha com Layla. E para combater a escuridão que ameaça a cidade, Fox precisa de ganhar a confiança de Layla. Infelizmente ela não consegue aceitar esse misterioso talento e a nova intimidade com Fox apavora-a. É que Layla sabe que quando abrir a sua mente não terá qualquer defesa perante o desejo que ameaça consumi-los a ambos…


Comentários: No segundo livro da trilogia continuamos a enfrentar uma ameaça sobrenatural, sendo que a entidade demoníaca que assombra a cidade de Hawkings Hollow está cada vez mais forte, mesmo que os seis o tenham enfrentado com relativo sucesso no final do livro anterior.

Este livro é protagonizado por Fox e Layla, um casal muito bonito, mas mediano, cuja a química acaba por não saltar devidamente nas páginas deste livro. Isoladamente, cada um deles traz algo de diferente para a obra, Fox com a sua personalidade divertida, coração generoso e background familiar alternativo e Layla que apesar de bastante medrosa a princípio parece evoluir aos poucos tornando-se progressivamente mais corajosa e batalhadora. Layla é também a personagem que menos ligações tem com o sobrenatural, para além de não ter qualquer ligação com os demais personagens, todos os outros de algum modo ligados entre si.


Sinopse: A Pedra Pagã existe há centenas de anos, muito antes de três rapazes se terem reunido à sua volta e derramado sangue num pacto de irmãos, libertando inconscientemente uma força malévola desejosa de caos e destruição. Um desses rapazes, Gage Turner, foge do seu passado desde há muito tempo. Filho de um pai alcoólico abusivo, a sua infância na cidade de Hollow foi tudo menos fácil, e só a amizade com Fox e Caleb o salvaram.

Mas ao libertarem o mal sobre a sua terra natal, iniciando um ciclo de loucura e crime a cada sete anos, Gage sabe que terá que ajudar os seus amigos a salvar a cidade onde cresceu. Depois de uma vida inteira solitária, conseguirá ele criar laços emocionais com as três mulheres a quem está preso pelo destino, em especial Cybil? Uma história de amor em que só abrindo o coração se pode almejar derrotar as trevas.


Comentários: Com a difícil missão de concluir a história da maldição que envolve a cidade e salvar o dia, Pedra Pagã acaba por não ser tão memorável quanto seria de esperar. Muito à conta da previsibilidade e do empasse forçado entre os seus protagonistas, Gage e Cybil, ambos com personalidades bastante vincadas e aguerridas e que não se querem deixar levar por toda essa história de pares predestinados.

Cage é o personagem mais massacrado pela vida, fruto de uma relação abusiva com o pai e, por essa razão, aquele que oferece mais resistência a toda a história de três casais predestinados e inevitáveis. Cybil é descendente de ciganos e a componente paranormal sempre fez parte da sua vida. Contudo, vive marcada pelo suicídio do pai, que ficou cego e não conseguiu aceitar o seu destino. Entre ambos desenrola-se uma estranha luta de vontades, sendo que Cybil só não quer dar o braço a torcer dada toda a resistência de Gage.

O tão aguardado clímax final desta trilogia ocorre finalmente e só lendo todos os livros para ficarem a saber como é que estes seis amigos / três casais destinados vão enfrentar esta ameaça sobrenatural extremamente perigosa e violenta.

Confesso que não fiquei fã dos livros fantásticos de Nora Roberts. Acho que por agora vou continuar a ler os seus romances contemporâneos e mergulhar em obras de literatura fantástica de outros autores mais consagrados dentro do género.

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